sábado, 13 de junho de 2009

Diário de Um Negro Ratatáia Que Nunca Morre! agosto


Rompem-lhe Os Vínculos Os Feixes Dos Músculos ­Desproporcionadamente Esticados Escassos Sobre Os Ossos ­Insistentemente Bordados Insuficientemente Ornados Perdeu O ­Rebolado Parece Alcoolizado Deformado Os Gestos Desconformizados Todo O Resto Que Avança Em Desequilíbrio Quase Desmonta Quase Em Queda Quase Tomba Em Nenhum Braço!

O Traço Mergulha Em Névoa De Vergonha E Censura Não Bebe Em Fonte De Água Pura Não Se Alimenta De Coisa Madura Não O ­Aguardam Doces Lábios De Candura No Ouvido Pedra E Brita Escapa E Fica - A Deriva!

”Mas Ao Que Não Tem, O Que Tem Lhe Será Tirado” Diluído No ­Labirinto Solitário Onde Não Há Vida Humana Sobrevivente Fora ­Arrebatado! Licenciado À Devassidão Do Inferno Permanente Deixando Namorada Amigo Irmãos Sobrinhos Todos Os Parentes Distantes ­Prisioneiros No Cimo De Acentuadas Escarpas No Topo Do Mundo De Todas As Desgraças “Farinha Pouca Meu Pirão Primeiro!” Na Boca Só Mordaças E Vícios Na Memória Na Parede Da Sala Escura Da Casa De Pau a Pique O Quadro Cuja Dor Que Tanto O Aflige, Ignora:

Do Alto Da Escorregadeira Do Morro Que Por Sobre O Abismo Não ­Demora – Meu Filho, Chegou Tua Hora: Agora!

Sem Estímulo Sem Compromisso Sem O Vigor Injetado Pelos ­Transeuntes Cínicos Que Passam Beliscam Apalpam Consomem Como Fantasmas Um Sonho De Conforto - Um Dia Eu Volto! Um Mais Decente Que O Outro Eretos Sépticos Homo Sapiens Empinados Entalados Com Estima Com Probidade Com Soberba Com Retidão Com Vistos Green-Card Como ­Vistos Pela Televisão Fria Reunidos Louros Recordam Seus Risos Em Fotografias Onde Não Ouvem Suas Preces O Carqueijo Como Oração Constante Dia Após Dia – Mãínha! Mãínha! Com Respeitosa Devoção – Só Osso Que Já Não Sustenta Em Equilíbrio A Mão - Nem O Olhar!

Apenas Ignorando E Ignorado Segue Em Frente Ainda Serve Como Servia Antigamente Alavanca De Músculos Subservientes Que Se Agarra ­Bêbado Nas Pontas Dos Dedos Ao Gume Dos Penedos Ribanceiros Das Favelas Arrancado Do Mato Jogado Na Correnteza Do Rio Engolindo Água Batendo A Cabeça Nas Pedras Como Se Não Soubesse Nadar

Nenhum comentário: