segunda-feira, 27 de setembro de 2010

1985, final da tarde sozinho no porto


Foi o mar que o trouxe
Sem toalha areia ensolarada cabelo molhado a testa
...... braço cruzado sobre os olhos torcendo as coxas
...... descuidadamente inquieto sem conseguir se esconder

E eu ali parado
Entre meia dúzia de caras solitárias
..............................[sentado

Dor no cóccix
Esperando um sinal
Há três anos ouvindo o marulho das imagens da mente
E amando sozinho
E sofrendo porque estava sozinho amando no Porto, em 1985
No final da tarde.

..... Seu corpo,
..... Escultura em bronze umedecida
.......... repousa suave mão arenosa
................... sobre o falo contorcido
..... na protuberância do short artificial

AMOR, MEUS AMORES!!

Única lembrança que levarei através da vida!
Berrando toda sua glória
Contra o crepúsculo eterno da imaginação Tão Sonhado!
..... E sonhando que tudo acabaria bem no meu
..... apartamento nas costas do outro lado da rua

..... – vê se me entende,

..... Sobre almofadas como rochas mortas ao longo da sala
..... Plantação de maconha na gaveta da cômoda Falsos
..... Maiakovskis subindo as paredes ofuscados pela
..... irradiação dourada de nosso amado pôr do sol humano
..... suavemente queimando e queimando na pele o desejo
..... até o momento final!

..... ...chorei a noite toda
..... para que não amanhecesse
.................... e amanheceu
..... e eu percebi o quanto estamos sozinhos

Eu me aproximo e o chamo:
– Levante-se que vamos partir!
.. Ele se me vira assustado
.. levanta-se em sobressaltos Acanhado
............................. .. [suspeita:
.
“estranhos assim tão próximo...”

E aturdido
Saindo de minha loucura
Vai-se embora.

Quisera nascer lá
e partiu.

Soube que lá morreu.

.

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