Pesquisador desafia
representações da Parada Gay de São Paulo
Invisibilidade
vigilante investiga contradições da própria organização, da imprensa e dos
resultados da manifestação
Como é vista a Parada Gay
de São Paulo? Pessoas fantasiadas, festa, movimentação da economia, milhões de
participantes, trio elétrico, muito beijo na boca? Para Steven Butterman, é
assim que a mídia costuma pintar a maior parada gay do
mundo.
Em Invisibilidade
vigilante: representações midiáticas da maior parada gay do planeta, lançado
pela Editora nVersos, o diretor do Programa de Estudos de Gênero e Sexualidade
na Universidade de Miami procura dissecar a construção da imagem desse evento na
imprensa, apontando as contradições (numéricas ou ideológicas) tanto da APOLGBT,
que organiza a Parada, quanto da mídia.
O interesse de Butterman
pela Parada Gay de São Paulo vem da admiração que o canadense, radicado em
Miami, tem pelo Brasil e sua diversidade, que começou na literatura e na MPB.
“Na cultura norte-americana, existe uma grande tendência quase positivista (acho
eu) de compartimentalizar as identidades, de classificar tudo para que possamos
botar limpa e definitivamente na sua caixinha arrumadinha. Mas a vida não é
assim, não! Acho que fiquei seduzido pela possibilidade de não ter que
reconciliar a contradição, de deixar as ambiguidades fluírem e falarem”, explica
o professor.
Apesar de ser um trabalho
completo de pesquisa da Parada LGBT entre 1997 e 2011, Butterman usa uma
linguagem acessível a todos que querem entender esse fenômeno. O professor usa
exemplos de reportagens (no final da obra, estão os fac-símiles das matérias
analisadas ao longo do livro), desconstruindo as frases e apontando o uso de
termos que podem modificar o propósito do próprio evento, especialmente nos anos
iniciais.
De lá pra cá, os
números da Parada deram saltos gigantescos, algo que não deixa de ser relevante,
principalmente em um país machista e com números alarmantes de violência ligada
à homofobia. Mas o professor questiona os resultados da manifestação, que todo
ano tem um mote. A visão dele, porém, é uma mistura de otimismo e
pessimismo.
“Observo, entre atento e preocupado, a
Parada se tornar mais intensa, ano após ano. Porque com o tempo se intensificam
também os assassinatos violentos dos cidadãos LGBT que, com orgulho e coragem,
fazem parte dessa marcha.”
A obra, que será
lançada no dia 6 de junho na Casa das Rosas, a partir das 18 horas, chega às
livrarias bem na semana da 15ª Parada do Orgulho LGBT de São
Paulo.
Steven F. Butterman é Professor Associado de Letras,
Diretor do Programa de Língua Portuguesa e Diretor do Programa de Estudos de
Gênero e da Mulher na Universidade de Miami. Leciona literatura
luso-afro-brasileira no Departamento de Línguas e Literaturas Modernas e
matérias no Programa de Estudos de Gênero na Universidade de Miami. Butterman
também inaugurou o novo programa de Estudos LGBTQ. Como estudioso da literatura
brasileira e dos estudos culturais, em especial dos estudos de gênero e teoria
queer, publicou um extenso material nessas duas áreas. Organizou o primeiro
simpósio “Brazilians Outside Brazil: Brasileiros fora do Brasil”, realizado na
Universidade de Miami em 2002. Em 2004, foi eleito para o Comitê Executivo da
BRASA (Brazilian Studies Association), e durante quatro anos, de 2004 a 2008,
contribuiu para a mais importante organização internacional no campo de estudos
interdisciplinares de estudos brasileiros.
Ficha
técnica
ISBN:
978-85-64013-56-8
Páginas: 220
Formato: 15 x 21
cm
Obrigada,
Tarsila
Isabela
Assessora de
Imprensa
(11) 2275-6787
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