segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Panorama da Literatura Atual?


vc me pergunta sobre o panorama da literatura atual, o que vejo?

vejo que acorda o animal faminto das novas gerações, que sem controle ou arreios de punhos firmes e definitivos, se lança diante da farta transgenia literária que surgiu com o advento mágico da internet.

agora somos todos escritores!

não mas preciso unicamente o caderno e o lápis para o solitário exercício da linguagem fisicamente contida sob o jugo normativo e intelectual dos controladores de vôos literários que nos rodeiam. professores, amigos, patrões, colegas de trabalho, namorados/as, doutores, nobres donos das certezas, padres culturais e rabada religiosa foram todos demitidos do comando do autoritário texto.

com o surgimento dos orkuts, hi5s, spaces, msns, blogs, twitters, wetc.com... a literatura perde suas estribeiras, multiplicam seus conduítes, suas próprias vias estruturais e se lança vulgar e promíscua para o registro de todos os (contra) sensos - na contrapartida de que haverá sempre um leitor pronto e receptivo, ávido por encontrar, no outro, o cúmplice que habitará seus refúgios.

a literatura agora é re-pública! é de todos! mesmo que mudem os sistemas normativos, este logo será desestabilizado em nome do efeito estético significativo de uma nova ordem para o texto.

espaço aberto àqueles que queiram se comunicar buscando novas ferramentas onde o texto ainda domina porque encontra e congela - com o registro gráfico seqüenciado, ou não - a expressão “exata” - ou não, imprimindo novas formas ao corpo digital que navega em liberdade exteriorizando crenças e sentimentos - do posto que a palavra encontra eco em todos os sites, blogs e spaces naves - e que a todos e a ninguém pertence!

a literatura de centro e periférica perdem suas referências físicas, se cruzam rapidamente e se alternam especulando troca de essências e experiências. de forma rápida e descartável são confortavelmente assentadas nas telinha dos novos (não por muito tempo) "LCDs" - personalizadas, originalizando a palavra nova que logo nos representará em nosso tribunal de última estância.

adeus aos senhores legitimados pelas sauros-academias com suas leis grafadas em certificados rupestres. dos museus às salas cirúrgicas digitais: os cânones, os normativos, os clássicos serão todos surpreendidos e violados.

por força e necessidade, nossos jovens hiper-nautas pertencentes a multiplicidade de todas as tribos - universalizados no estrito espaço de seus micros-computadores – conhecem línguas e dialetos que não compreendemos. novos subversivos que já não se atêm aos limites dos nossos controles estrangeiros impostos às suas realidades ilimitadas.

encontram desvios, e nos escapam.

rm 29/08/08

2 comentários:

Anônimo disse...

O que escrevestes não foi uma resposta mas um manifesto.
Estamos vivendo o neo-futurismo literário??

Evandro L. Mezadri disse...

Belo texto Rui, muito maduro e pertinente para os dias atuais.
Grande abraço e sucesso!
Visite meu blog!