terça-feira, 6 de maio de 2008

Feria Del Libro, Buenos Aires

34 Feria Internacional del Libro, El espacio del lector, 24 de abril al 12 de mayo. La Rural Predio Ferial de Buenos Aires. Plaza Italia.

...trocando línguas.

Flanava ansioso por ti conhecer, na tua intimidade, entranhas de tuas vielas, teus cheiros de flores e corpos passados, mal passados, maturando ao leche.

Nada de muito científico que justificasse corromper minhas instâncias primárias, deter o animal nascido em Salvador, que me dá saúde e me faz avançar por entre estas arborizadas, assépticas, simétricas mui tranquila calles.

- "Holla", dois jovens que se me apresentam, me espremem em seus braços, me beijam no rosto colado e tiram do bolso um maço de pesos, resultado de coisas e mais coisas que não entendo bem como foram trocadas pelos sopros de minutos de suas preciosas vidas.

O motorista do táxi que me leva a Fiera del Libro recita Borges, Huidobro... Pasmo: Cesar Vallejo.
Entoada digna de Gardel, ao som de músicas folclóricas, exegese que me faz compreender tangos, e o porquê de tantas librarias.

Posso escutá-los, meu show particular no trânsito que não incomoda. Poucos automóveis, muitos antigos, o clima frio, a arquitetura de uns poucos séculos idos, preservada, adormecida diante da ânsia demolidora e do stress insuportável das estúpidas economias emergentes.

Revejo cenas de um filme de Felline e lembro que ainda ontem deixei você casado, com filha, bem arrumado em Salvador.

O táxi me despede na Plaza Italia, bairro portenho de Palermo, em frente ao prédio de La Rural. Uma multidão se aglomera à porta diante dos curralitos, pareciam todos animais famintos por livros, ávidos por uma sabedoria que lhes completem as continuas vagas da existência, os calafrios estomacais das depressões matinais. Entrei de estouro levado pela enxurrada humana salvando intacto do guilhotamento meu nobre convite de poeta português.

Mas ali só encontraria a representação gráfica de vidas intensas que corriam lá fora. Fucei, xeretei, cheirei, coloridos de pabellón verde, amarillo, azul, Rojas, Gorriti, Lugones, Cortázar, Jorge Amado, Clarice Lispector...

...o que estaria fazendo você agora, às 15 horas de domingo que aos domingos nunca retornam?

Livre, sem que foste alforriado, resumo de todos estes escritos que me afligem a memória, que buscam retomar veredas paradisíacas que deixamos no passado, onde te deixei um dia - para nunca mais te encontrar.

Nenhum comentário: